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Consultora vê prazo curto para o mercado de gás natural

Consultora vê prazo curto para país desenvolver mercado de gás natural

O prazo para o governo planejar a demanda de gás natural no Brasil é muito curto, caso a previsão de dobrar a produção de gás natural até 2020 se concretize. A avaliação é da consultora Ieda Gomes, diretora da Energix Strategy. Segundo ela, o governo prevê alcançar produção de 210 milhões de m³/dia de gás natural em 2020. Considerando que parte será utilizada para consumo próprio da Petrobras e para o aumento da produção de petróleo, restarão 110 milhões de m³/dia. Somando aos 30 milhões de m³/dia importados da Bolívia, a oferta total será de 140 milhões de m³/dia.

“O Brasil precisará desenvolver um mercado para 80 milhões de m³/dia. Seriam necessários uns 20 mil megawatts de termelétricas na base [operando continuamente] e umas 20 ou 30 plantas de fertilizantes. Se existir realmente essa oferta em dobro, o tempo é muito curto para planejar a demanda”

, alertou nesta terça-feira a consultora, durante o 13º Encontro Internacional de Energia, em São Paulo.

Para o desenvolvimento do mercado, porém, há dois problemas, segundo a especialista. O primeiro é a incerteza da oferta do insumo atualmente. O outro é o custo elevado em relação ao preço cobrado em outros países.

A diretora do departamento de gás natural do Ministério de Minas e Energia, Symone Christine Araújo, disse que “não há excedentes estruturais disponíveis” de gás natural, de acordo com a versão do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2021, em revisão pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Mas afirmou que “existem iniciativas dentro do governo que demonstram que está claro o sentimento de urgência” para impulsionar o mercado de gás natural no Brasil

Com relação ao preço do gás natural, o vice-presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Érico Sommer, afirmou que, de acordo com estudos da entidade, se o preço do insumo fosse reduzido de US$ 10 por milhão de BTU (MMBTU) para US$ 6/MMBTU, o consumo industrial do energético poderia triplicar. “Falta ao país, em havendo gás natural, uma política de incentivo de consumo industrial, e determinar que indústrias ele quer que invistam no país”, afirmou.

Segundo o sócio da consultoria Monitor Group Marcos Fernandes, outro problema é o baixo custo do gás de xisto produzido em larga escala nos Estados Unidos. O custo energético naquele país está na faixa dos US$ 3/MMBTU. Essa diferença de preços pode ser um fator de perda de competitividade para a indústria brasileira. “O shale gas [gás de xisto] vai afetar a competitividade de algumas indústrias. O Brasil não tem postura definida para o gás natural, como tem para o petróleo e o etanol”, afirmou Fernandes.

Fonte: Valor Econômico Online
Autor: Rodrigo Polito

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