O prejuízo de R$ 1,35 milhão no segundo trimestre reportado ontem fez parte do último balanço da fase “pré-operacional” da Renova Energia, eleita pela Cemig e a Light como o braço de investimentos em energia eólica. Apesar de já ter três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) em operação, num total de 42 megawatts (MW), a companhia estava construindo 14 parques eólicos (194 MW), inaugurados em julho, e que farão parte da contas da geradora nos próximos resultados financeiros.
“Os projetos que vínhamos tocando, que começaram a ser construídos no ano passado, estão se concretizando agora. A Renova tinha um potencial que agora de fato existe”
, contou o presidente da empresa, Mathias Becker. A companhia prevê chegar a 1,1 GW de capacidade instalada em 2016, a partir de projetos que já possuem contratos assinados. Em setembro terão início as obras de outros 15 parques eólicos (375 MW).
O prejuízo trimestral (31% menor que o prejuízo no segundo trimestre de 2011) foi provocado basicamente pelo aumento de aporte de recursos na fase final de construção dos parques eólicos, na Bahia. No acumulado do ano até junho, porém, a companhia contabilizou um lucro líquido de R$ 1,982 milhão, impactado pelo reajuste dos contratos de fornecimento de energia das PCHs com a Eletrobras.
O aumento do valor dos contratos, que passou para R$ 189,82/megawatt-hora (MWh), também foi responsável pelo crescimento de 10,8% da receita operacional líquida da empresa de abril a junho, em comparação com igual período de 2011, totalizando R$ 9,889 milhões. No acumulado até junho, o faturamento foi de R$ 19,639 milhões, 11,8% maior em relação ao mesmo período de 2011.
“O balanço está basicamente muito igual aos anteriores, com exceção do reajuste da receita do contrato das PCHs e das receitas financeiras”
, explicou o diretor financeiro e de relações com investidores da Renova, Pedro Pileggi. O resultado financeiro da empresa saiu de um valor negativo em R$ 2,6 milhões para um número positivo em R$ 1,17 milhão. A variação se deve ao vencimento de notas promissórias no valor de R$ 250 milhões. “Com isso, nossa dívida diminuiu e o nosso caixa estava maior”, ressaltou Pileggi.
Com a inauguração das eólicas, a potência instalada de usinas em operação saltou para 336 MW. Da mesma forma, a receita anual, que era da ordem de R$ 38 milhões, vai superar os R$ 220 milhões, considerando a quantidade e o preço da energia vendida das usinas. O efeito não será sentido integralmente em 2012, porque os parques deram a partida na metade do ano. A primeira fatura das eólicas entrará na conta da Renova em 21 de agosto.
Outra mudança importante se dará na estrutura acionária da empresa. Na última semana, o BNDESPar depositou R$ 250 milhões para assumir 11,7% do capital da companhia, por meio de subscrição de ações. A fatia do banco ainda pode aumentar para 14,7%, caso os acionistas minoritários não exerçam seu direito de subscrição. Os minoritários têm hoje 20,6% das ações.
A fatia dos demais sócios foi diluída. No bloco de controle, a RR Participações (dos sócio-fundadores Renato Amaral e Ricardo Delneri) e a Light passaram a ter 22,03% cada. Fora do bloco de controle, a RR ficou com 8,48% e o fundo Infrabrasil, com 15,23%.
Desde o IPO da empresa, em julho de 2010, até o fechamento de ontem, o valor das ações da Renova cresceram 107,38%.
(Rodrigo Polito)
Fonte: Valor Econômico